Putin ordena exercícios nucleares em resposta a "ameaças" ocidentais

por Inês Moreira Santos - RTP
Valeriy Sharifulin - EPA

Depois de Emmanuel Macron ter acenado com o possível envio de tropas para a Ucrânia, Vladimir Putin decidiu ordenar exercícios nucleares "num futuro próximo", com forças russas localizadas perto do território ucraniano. O Ministério da Defesa da Rússia descreve a decisão, esta segunda-feira, como uma resposta a alegadas ameaças dos líderes ocidentais contra Moscovo.

A menos de 24 horas de tomar posse no quinto mandato como presidente da Rússia, Putin ordenou os exercício nucleares e, segundo o Kremlin, pretende testar a prontidão das forças nucleares não estratégicas para realizar missões de combate, como práticas de preparação e implantação.

“Durante os exercícios, será realizado um conjunto de medidas para praticar as questões de preparação e utilização de armas nucleares não estratégicas”
, anunciou o Ministério da Defesa, em comunicado citado pela AFP, esta segunda-feira.

A Rússia possuirá o maior arsenal de armas nucleares do mundo e estes testes, de acordo com a Defesa russa, visam garantir a integridade territorial e a soberania do Estado, “em resposta a declarações provocativas e ameaças de certos responsáveis ocidentais contra a Federação Russa”.Estas armas, também chamadas de armas nucleares táticas, são projetadas para uso no campo de batalha e podem ser lançadas por mísseis.

À comunicação social o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citou comentários do presidente francês sobre o possível envio de soldados para a Ucrânia, bem como declarações dos representantes do Senado britânico e dos Estados Unidos, para justificar a decisão. Os militares e outros serviços especiais estão a investigar relatos sobre o envio de soldados da legião estrangeira francesa para a Ucrânia, acrescentou Peskov.

Estes exercícios vão envolver a Força Aérea, a Marinha e as forças do Distrito Militar do Sul, que se localizam muito perto da Ucrânia e cobrem regiões que Moscovo anexou.
A data e o local, contudo, não foram mencionados.

Recorde-se que em outubro passado a Rússia anunciou que Putin tinha supervisionado lançamentos de mísseis balísticos durante manobras militares destinadas a simular um “ataque nuclear massivo” a Moscovo.
Desde que começou o conflito na Ucrânia, aliás, Putin tem falado sobre um possível uso de armas nucleares e a Rússia implantou armas nucleares táticas na Bielorrússia.

A doutrina nuclear russa prevê um uso “estritamente defensivo” de armas atómicas, no caso de um ataque ao país com armas de destruição em massa ou em caso de agressão com armas convencionais “que ameacem a própria existência do Estado”.
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